Homem com Covid-19 morre após negligência médica em Rio das Ostras, segundo família

Erickson Moreira, de 32 anos, foi transferido para Niterói em uma ambulância sem equipamentos adequados e acabou não resistindo


Erickson Moreira, de 32 anos, casado e pai de um menino de pouco mais de 1 ano, morreu após passar por negligência médica no Pronto Socorro de Rio das Ostras, segundo relatos da família.

De acordo com relatos da esposa de Erickson, que é natural de Ipatinga, em Minas Gerais, Fabiana Moreira, ele começou a sentir os primeiros sintomas da Covid-19 no dia 3 de julho e procurou o Pronto Socorro Municipal. Na unidade, Erickson foi atendido e realizou uma tomografia, onde foi constatado que 30% dos pulmões dele estavam comprometidos devido à doença. Os médicos receitaram medicamentos intravenosos e, na madrugada, ele foi liberado da unidade hospitalar. O rapaz deveria voltar no dia seguinte para continuar recebendo a medicação indicada. "Ainda disseram que se ele não melhorasse em dois dias, iriam interná-lo", relembra a esposa.

Passado o tempo dado pelos médicos, na quarta-feira, dia 8 de julho, Erickson teve piora do quadro e passou muito mal na madrugada, com falta de ar. "Liguei para os bombeiros, mas disseram que não poderiam vir, porque ele estava com Covid. Liguei para o resgate, que disseram pra mim que estavam chegando. Mas depois de uma hora, ninguém apareceu", conta Fabiana. Ela pediu então a ajuda de um amigo para levar o marido para o hospital novamente, onde acabou sendo internado.

Fabiana relata que recebeu uma ligação rápida do hospital no dia 10 de julho informando que Erickson estava estável, apesar de permanecer na UTI e, no dia 11, avisaram que o marido iria ser transferido para o Hospital Ary Parreira, em Niterói. "Antes de transferir meu marido, perguntei como era a ambulância, se era capacitada para levá-lo", diz.

Em um áudio da ligação gravada por Fabiana, o Pronto Socorro de Rio das Ostras afirma que o transporte seria realizado em uma viatura equipada, com acompanhamento médico.

Ainda segundo a esposa, Erickson chegou à unidade de saúde de Niterói com o nível de oxigênio muito baixo. "O médico me informou que foi preciso intubá-lo e fazer manobras médicas para trazer meu marido de volta à vida. Ele falou comigo que a ambulância que fez o transporte não estava devidamente equipada. Isso foi negligência! Transportar o meu marido em uma ambulância que não era adaptada para ele", lamenta Fabiana.

Erickson, que escolheu Rio das Ostras para construir a família e viveu na cidade por sete anos, acabou não resistindo e morreu quatro dias depois de dar entrada no Hospital de Niterói, no dia 15 de julho.

A advogada da família, Kíssyla Andrade, afirmou ao Portal RC24h que houve sim descaso médico por parte do Pronto Socorro de Rio das Ostras: "Quando ele saiu de Rio das Ostras, ele já estava na CTI. O mínimo que deveriam ter feito, era conseguido uma unidade de CTI móvel para transferí-lo em segurança. No entanto, além de ser uma ambulância inadequada, faltaram insumos para que ele chegasse ao hospital em segurança".

Conforme Kíssyla, a autuação não deve ser por homicídio culposo, pois "com todas as negligências, eles assumiram o risco. Juridicamente, trata-se o caso de dolo eventual".

Tanto a advogada, quanto os familiares não tem dúvidas que Erickson não perdeu a vida para a Covid-19, mas sim para a má administração da saúde pública em Rio das Ostras.

"Falta gestão. A saúde é muito mal avaliada em Rio das Ostras, não tem estrutura, refletindo nos fatos como o do Erickson. Esses problemas acontecem pois não tem EPI's, testes, leitos e respiradores. Por isso as pessoas são transferidas para outros municípios. E como a frota é sucateada, não tendo equipamentos necessários, acaba ocorrendo essas tragédias. É a segunda vez que um munícipe de Rio das Ostras morre por falta de oxigênio em menos de seis meses", finaliza a advogada.

A Prefeitura de Rio das Ostras informou, em nota que o paciente Erickson Rodrigues Moreira, que chegou a ser internado no Pronto-Socorro, foi transferido no dia 11 de julho para uma unidade hospitalar de Niterói, devido agravamento no quadro de Covid-19. "A transferência foi realizada em ambulância com todos os equipamentos necessários. No entanto, o falecimento do paciente ocorreu quatro dias após ser transferido, no dia 15 de julho. Portanto, não houve nenhum tipo de negligência por parte de Rio das Ostras. A causa da morte, certamente, não pode ter sido por falta de oxigênio".

A Subsecretaria de Atenção Especializada de Rio das Ostras ainda garantiu que está à disposição da família do paciente para devidos esclarecimentos.

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